Eram ainda umas soalheiras 13:19 quando o Guru e a minha pessoa se encaminharam ao ponto de encontro que era, pasmem-se, no América. Alías, quando é que estas referências continuadas na blogosfera começam a render finos, assim por dizer, à pala? Já dever haver malta nos mais longínquos confins da Rua 62 a conhecer esta casa à nossa custa! Adiante, que já desabafei.
Depois de alguma discussão sobre a legitimidade de estacionar em plena faixa de rodagem, seguimos fortes e confiantes ao encontro do Pide que nos aguardava, não de lápis azul em riste, mas de burbulhante e resplandescente copo na mão. Sim, como são todos os finos no América! (pub) E assim trocámos algumas palavras de carinho e reconhecimento mútuo, fechando com os devidos insultos dada a sua situação de férias praticamente intermináveis. O ordinário!
Segundos depois de ter dado um toque ao Cancioneiro (que frase bonita), ei-lo! Porte altivo, barba impecávelmente aparada e muita fominha. Dada a proximidade com a hora de almoço e com os estómagos em auto-digestão era tempo de pedir forragem. Estando de dieta e a fugir de fritos, pedi dois rissolinhos que, segundo consta, são cozidos. E assim fui acompanhado pelos restantes convivas por entre mistos e senhores que só comem pregos aos pares. Tipo, dois de cada vez. Ainda dizem que estamos velhos.
Estávamos nós na comezaina, a falar de boca cheia, cuspindo pequenos pedaços de comida, quando chega o nosso Maikel Náite (nunca hei de saber escrever isto) que se junta à malta a uma pequena distância de segurança. A prosa fluia. Foi então discutida a data para a magna jantarada de início de época, que seria por volta do início de Setembro. E porque não anteceder o início de época por um jantar de fim de época para dia 31 de Agosto? Apesar de não ter recolhido muita aceitação, é a minha opinião, e eu concordo com ela. Para fazer esquecer o meu momento de clarividência, foi anunciado que o Sr. Manuel Sancebas teria uma música alinhavada para tocarmos, algo que muito nos alegra e honra.
Breve revisão das músicas a tocar (que medo...) e chega o nosso Moikano assim completando a bela meia dúzia de seis. Ala que se faz tarde!
Após uma agradável viagem em viatura com o clima controlado, chegámos a Fornos, onde fazendo juz ao nome, estava um calor que não se podia. Foi com supresa que se constatou que o que nos sobrava em calor, faltava em tecido aos vestidos de avisadas moçoilas que sábiamente anteciparam as condições climatéricas do local.
Apenas alguns instantes decorridos e estamos em companhia desse grande senhor, Jardel! Sempre em grande forma. Silhueta atlética e a confiança dos grandes momentos, com felicidade estampada no rosto. Após a comoção inicial devida ao grande acontecimento que se aproximava, lá nos preparámos e colocámos em posição para dar início à função. E aí vem Jardel, acompanhado pela Moçoila (a música, não o objecto final da demanda).
O nervoso miudinho aumentava e chega a noiva, acompanhada de seu pai nessa derradeira viagem para os braços de seu escolhido. Bandolins à ilharga, acompanhada de piquenas e académicas pagens. E assim se iniciou a cerimónia. Que belas leituras, a convidar à introspecção dos presentes, e com grande impacto neste grupo de serenantes, sentados por trás do ambão. O salmo, brilhantemente intrepretado pelo Guru, com a sua capa traçada em homenagem ao grande Jardel.
Muitos foram os momentos de elevação, por entre o enaltecer do fogo do noivo e da fecundidade da noiva (he he... he... he... estas coisas bíblicas...). E após os votos, e porque “Não separe o homem o que Deus uniu.”, permaneceram os nossos noivos de mão dada por longos momentos.
Não esquecer o inspirado “Cordeiro de Deus”! A potência da pandeireta do Moikano que ecoava pelas naves! As vozes afinadas! O Jardel quase a tocar contrabaixo! E no final! A grande pergunta! Quatro palavras mágicas:
- Vão tocar o cordeiro?...
O que é que será que esta pergunta quer dizer? Desenganem-se os que pensaram que era resultado dos pregos do bandolim, que tornam qualquer música irreconhecível. Quer apenas dizer que a nossa versão é tão desconcertantemente nova que se eclipsa o original.
E embalados por tão belos cânticos, e sem dar por isso estávamos no final da cerimónia. Rápidamente, e em cunha, nos dirigimos para a entrada do templo onde estenderiamos as nossas capas em deferência aos recém-enforc... casados. Não sem antes organizar um “Porto de Honra”, transportado em providencial mala térmica, préviamente preparado pelos noivos para que todos pudessem, logo ali, brindar à sua felicidade. E brindar, e brindar, e alguns ainda, brindar novamente. Vá... e brindar. Não esquecer o FRA do GAS, feito de gás por este vosso servo (foi a emoção). Atenção à mala térmica... Existem ideias para a tornar num item standard GAS69... Já encontrei algumas de traço académico... Uma mala térmica de granadinhas...
Após tentarmos infrutíferamente emborrachar, ali mesmo, os nubentes, e tendo as gargantas em chama de com tanta alma cantar, descobrimos a Adega Regional Vitualha, onde toalhas eu não vi (peço desculpa, não resisti à chalaça). Enquanto no recinto se faziam as últimas despedidas, nós tratámos de malhar finos e rissolinhos como se não houvesse vida para além de uma cerveja em copo plástico. De repente, estava de novo na queima!
O tempo parou...
E assim, admirado e embasbacado, constatei:
Jardel deixa os estádios e recolhe a casa, que será sua e de quem guarda o seu coração.
Vivam os noivos!
PS - Não desapareças miúdo!
3 comentários:
Esta tarde foi fantástica.
Eu pessoalmente gostei bastante das leituras, que foram tal e qual aqui descritas.
O pormenor da mala térmica foi impecável, e concordo em absoluto com a ideia proposta. Onde está o GASde69 tem de haver uma mala térmica com granadinhas de mão fresquinhas.
Almeida Santos, muitos parabéns pela crónica. Está incrível.
Fónikssssss... Excelente!!! Que crónica brilhante! Fiquei apaixonado pela mala termica... :p
Parabens ao Jardel ;)
Meus amigos,
Obrigado pelas vossas amáveis palavras. De facto uma excelente tarde.
As leituras foram de facto tocantes. Uma bela cerimónia!
Vou tentar em breve colocar imagens de mala de granadinhas académica.
Um abraço e até breve,
Almeida Santos
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